domingo, 21 de novembro de 2010

4° PRÊMIO EDUCAR PARA A IGUALDADE RACIAL

(Raquel R. do Prado)
I - Objetivos:
Dar continuidade nas discussões envolvendo a questão racial, discutir valores e padrões impostos, destacar a África apresentando às heranças africanas com enfoque nos valores civilizatórios que muitos desconhecem como legado desse povo. Valores, presente na literatura e em muitas atividades na Educação Infantil como: roda de conversas, histórias, músicas, brincadeiras com o corpo, plantas, água e tudo que é vivo e nos traz prazer, movimentos e energia. O mais interessante foi constatar a atuação dos professores em relação ao tema, intervindo e buscando forma de melhorar a prática e as crianças e os pais se colocando com mais segurança, sem medo de falar sobre o assunto.
 
II- Justificativa e Planejamento
Em 2006, vivenciamos um processo rico de formação e parceria com o projeto "A Cor da Cultura" que foi acompanhado e subsidiado pela profª ms Kiusan de Oliveira, representando a secretaria de Educação. Incorporamos à temática na proposta da escola com o projeto: História e leitura Intervindo na nossa cultura.  Aprendemos a valorizar a negritude, perceber a força da oralidade, discutir afetividade, religiosidade, ancestralidade e sensibilizamos com a forma que viviam as personagens das histórias. Encontramos nesse processo, profissionais empenhados, buscando novos conhecimentos e também alguns resistentes não abertos ao diálogo. Em 2007, organizamos o projeto Herança: Valores Civilizatório "Afro-Brasileiro" para que essa Cultura seja reconhecida, divulgada, vivenciada e valorizada como legado do povo Africano.

III – Desenvolvimento das Atividades
Nós professores retomamos  discussão e reflexão sobre a questão de cunho racial enfatizando os valores civilizatórios, nos momentos coletivos por meio de projeção de vídeos, leitura de textos, dinâmicas e jogos.
Os pais participaram de 4 encontros, sendo 3 oficinas e 1 encontro para socialização  e apresentação dos trabalhos, envolvendo dinâmicas, com  musica , projeção do filmes "nas rota dos Orixás", seguida de discussões com palestras de representantes do movimento negro, permitindo assim, que se colocassem contando sua história pessoal. Houve oficinas para confecção de bonecas, instrumentos musicais, brinquedos e jogos, com objetivos de sensibilizá-los quanto à questão do preconceito e discriminação e integrá-los no projeto da escola.
Na sala cada professor adaptou estratégias que atendessem a sua faixa etária, construindo e adequando materiais como: confecções de bonecas que representassem os personagens das histórias lidas. Confecções de blocões: "A botija de Ouro", "A menina bonita do laço de fita" e "Berimbau".
O projeto foi desenvolvido com todas as 164  crianças da escola por meio de contação de história, contos, mitos, lendas e fábulas, e outros textos ou imagens que possibilitassem discussões, rodas de conversas e sempre instigando, valorizando os conhecimentos prévios das crianças em relação ao tema. Apresentamos músicas, poesias, fotos, reproduções de obras ("O Mestiço" de Candido Portinari. "A Negra" de Tarsila de Amaral, dentre outras), recortes de revista acompanhada de debates e produções de textos coletivos, tendo o professor como escriba, ilustrações das personagens das histórias, apresentações de teatro de fantoches, de bonecas, varetas e outros recursos como o próprio corpo. Cada sala determinou o seu produto final: apresentação teatral, ilustração de livros, DVD, painel, utilizamos o pátio da escola para fazer roda de leituras, roda de capoeira, brincadeiras de rodas cantada sempre enfatizando os valores civilizatórios, presentes nessas atividades. Fizemos atividades com argila, recorte e colagem, pintura destacando o cooperativismo, o comunitarismo, a energia vital, (axé). Houve apresentações das crianças coordenadas por outras professoras dos contos lido "A menina Bonita do Laço de Fita" e "Kiriku e a feiticeira" constatando no processo de apresentação, incorporação das falas, alegria e satisfação das crianças querendo ser as personagens das  histórias sem ter vergonha da sua cor, mas se orgulhando ao representa-las.
Para socializar o projeto organizamos um jornal mural que permitiu  apresentar as atividades de sala como poemas, textos para reflexão como "A mão da Limpeza" - Gilberto Gil,  "Sou negro" de Solano Trindade  , "As Borboletas" de Vinicius de Moraes, "Daltanismo" de Ulisses Távora, "Cores" de Emilly Macrimmor.
Em 2007, um outro jornal Mural que merece destaque é o que foi ilustrado com imagens das crianças e profissionais em atividades, o qual representava os valores civilizatórios que acredito, foi o destaque conceitual para o entendimento do grupo escola em relação aos valores que muitos não conseguiam enxergar em sua prática. HhhhHhHHHParalelamente ao trabalho feito em sala, assistimos na sala de vídeo fita do Kit "A cor da Cultura" e DVD's, com filmes e relatos que envolvessem questões referentes ao projeto. Seguida de roda de conversa, com discussões riquíssimas envolvendo o tema. Acreditando na importância da divulgação do projeto para que outros profissionais conheçam possibilidades trabalharem o tema em questão, foi organizado um DVD, com o título "Celebrando a Diversidade"  por meio das diferentes linguagens. O qual retratou uma parte do processo envolvendo leituras e outras linguagens.
Esse DVD foi apresentado na mostra Cultural da Escola e na Mostra de Artes da Cidade de Diadema. E fomos Apresentando parte do projeto em outros meios de comunicação como a revista "Educar e Transformar, A Proposta Curricular na rede municipal de Diadema e também no site"unidadenadiversidade".

IV – Motivação e Participação
Esse projeto atendeu não só as crianças, mas também os pais e outros professores.
A motivação  ocorreu  naturalmente por meio de seleção de muitos livros de origem africana que foi lido diariamente com diferentes recursos, Muitas vezes nós assistíamos o vídeo do kit a "Cor da Cultura" e comparávamos com outras histórias. Usamos muito o lúdico e rodas de conversas . As músicas e vídeos foram debatidos e muitas vezes ilustrados. Um dado interessante foi trabalhar com fotografias e bonecos negros. Eles ficaram radiantes se tocando , comparando as cores dos bonecos apalpando os cabelos, e olhando as fotos e se admirando.
Com os pais  foi por meio de dinâmica  nas reuniões envolvendo músicas e  textos de reflexão. Nas oficinas houve desabafo comovente retratando o sofrimento do preconceito vivido.
Com os professores, o trabalho foi feito mostrando a beleza da África trazendo, CD com seleção de música que enfoca o tema. Mostrando com a prática, convidando alguns para serem parceiros nas atividades. A maior alegria foi o Mural com fotos de atividades representando o projeto, consegui retratar todos os valores civilizatórios em ações do dia a dia. Hoje vejo nos adultos menos resistência em trabalhar o tema em questão e as crianças estão mais atentas e não se calam intervindo em situações preconceituosas.

V – Recursos Utilizados
    Papéis diversos, cola, canetinhas, giz de cera, livros,  vídeos, DVD's, CD's, aparelhos de som, argilas, sucatas, tintas, colas, meias, lãs, agulhas, linhas, filmes fotográficos, máquina fotográfica, filmadora e fitas, "Data show", materiais específicos para formação como: Educação Africanidade Brasil, livro do aluno, revista do professor (Abril, Junho 2003) Ciências Hoje das crianças (edição 168) Nova escola (edição nº 8 de 86 e novembro de 2005). Xerocópia de textos: Quilombos e Mocambus (Flavio Gomes), Religiosidade Afro-brasileira: A experiência do Candomblé (Denise Botelho), vídeo do kit Da Cor da Cultura.
Recursos humanos: Especialistas, representante da Comunidade Negra (palestrantes), coordenação e ATP. 

VI. AVALIAÇÃO
Ocorreu por meio da observação e registro envolvendo as atividades e as ações das envolvidas quanto à discriminação e os valores civilizatórios. Utilizamos também da auto-avaliação dos pais e professores.
Alcançamos os nossos objetivos quando as crianças se alegraram em ver seus rostos expostos representando os valores civilizatórios, quando possibilitamos que as crianças em círculo falassem, buscassem, seus desejos, medos, e sonhos.
A maior dificuldade foi no inicio do projeto com leitura, a falta de materiais livros que retratassem a cultura africana, isso foi superado com a produção de blocões e a busca em outras bibliotecas. E a resistência de alguns profissionais.
O trabalho com essa temática, mudou a forma de ver a educação, me fez escutar mais as crianças, atentar para as imagens de livros e outros materiais como também buscar formas de trabalhar coletivamente envolvendo outros espaços e profissionais, ampliou formas de divulgar os projetos, que foram divulgados em CD's site e artigo.
É necessário incorporar na proposta pedagógica e ter acompanhamento na execução das atividades, como também fornecer recursos financeiros e humanos.
Esse projeto não terminou e nem pode terminar ele só muda o enfoque. Porque os valores civilizatórios estão presentes na nossa cultura.




2 comentários:

  1. Oi Raquel gostei muito do seu projeto. Ele é muito educativo um exemplo para todos os professores e diretores envolvidos com educação. Parabéns seu projeto é muito criativo siga em frente. você é um exemplo de dedicação para nosso País Bjs Tchau Bel Gustavo e Vovó Alaide

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  2. Oi pessoal fico feliz que tenham gostado ..imagina a minha alegria quando a escola foi escolhida para gravar e participar do programa do canal Futura..Isso tudo acontece quando acreditamos no que fazemos e divulgamos esse fazer.Obrigada pela visita e comentário.Bjus Raquel

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